Entre fotos e consertos
- laisglaeser
- 31 de dez. de 2013
- 3 min de leitura
Fundada em 1941, a Trentini e Cia., localizada em pleno centro de São Paulo, na rua
José Bonifácio número. 29, sobrevive até hoje como uma loja de reparos de câmeras
analógicas em tempos que o digital tomou conta de tudo. São poucos os, que ainda continuaram com os serviços de conserto de câmeras, devido à facilidade de comprar novas, mas isso não aconteceu com atual dono.
O entrevistado é Celio Rui Biffi, um senhor de 64 anos, cujo trabalho, influenciado pelo pai, consertando câmeras se iniciou quando tinha apenas 16 anos. Hoje, com 48 anos de profissão, ele tem três filhos: Luís Fernando, Karina e Fábio. Eles não irão continuar com a tradição de consertar máquinas fotográficas, deixando Seu Célio como um dos últimos profissionais dentro do ramo.
Seu Célio é uma homem de cabelos bem brancos, olhos azuis e uma voz calma e aconchegante, sua simplicidade e simpatia sempre aliados em sua profissão, esta que ele ama incondicionalmente, “Espero continuar, se Deus quiser assim, me
permitir, procurando sempre atender os clientes e a todos que me procuram.”

Como surgiu a Trentini e cia.?
“A Trentini começou, na verdade, antes de ser Trentini. E era Bernardi, eles eram
fabricantes de câmeras, dessas tipo Lambe- Lambe de madeira, para depois , quando acabaram
com a fábrica, que era na Rua Piratininga e a loja era na Rua São Bento nº. 36, quando Bernardi (o antigo dono) e seu primo que se chamava Trentini. Quando os Bernardi pararam a fábrica, o Seu Trentini continuou, mas ele só foi para o ramo de conserto de equipamentos fotográficos, isso em1941, quando foi fundada a Trentini. D, daí pra frente, se tornou só conserto.”
Ela era uma empresa maior, antigamente, certo?
“Era uma empresa que contou, na época de 1970 a 1980, cerca de 10 a 15
funcionarios.”
Em qual época que a empresa foi perdendo o tamanho?
“Ela (a decadência) começou a partir do momento das liberações de importações de
câmeras dos países asiáticos, que aí a mercadoria começou a vir por um custo muito
baixo,daí pra frente o pessoal preferia comprar mais câmeras que vinham bem mais em
conta, do que aquelas importadas antigamente. Foi isso, a partir que abriu o mercado para os países asiáticos…”
As pessoas preferiram comprar câmeras novas, do que consertar aquelas já
adquiridas...
“Sim, pela própria estabilidade da moeda, que tornou uma coisa mais viável a compra de equipamentos do que o próprio conserto.”
Hoje só tem o Senhor trabalhando aqui, certo?
“Sim, sou o único.”
Seus filhos não estão interessados em continuar com a loja?
“Não, inclusive, nem eu quis, já prevendo esse futuro que iria se desenrolar com o
tempo. Eles trabalham em outras áreas.”
O senhor, começou aqui devido ao seu pai, certo?

“Sim, eu comecei aqui com 16 anos, estou com 64, são 48 anos de trabalho, já me
encontro aposentando também, e hoje continuo atendendo os clientes de longa data.”
Como é o perfil de sua clientela?
“A clientela, são esses tradicionais, na época Áurea, essas lojas comerciais que
haviam na Época.; Fotoptica, Cinótica, Luths Fferrando e Fotoleo, todas essas grandes
empresas, eram clientes, pois eles não tinham oficina própria, então eles usavam os nossos serviços e de outros, para poder atender seus clientes.”
Hoje em dia são só pessoas físicas que procuram os serviços?
“Sim, no caso, a gente ao longo do tempo foi formando uma clientela tradicional. O
nosso maior propagandista são nossos clientes(sic), que nos recomendavam à outras
pessoas.”
Ultimamente, está surgindo uma “moda” de tirar fotos com filme, o senhor
observa isso?
“Com certeza! Ainda ontem, eu recebi em um email de uma cliente que viu uma
reportagem sobre a empresa, que foi citada na folha da revista da Folha de são S.Paulo e uma
reportagem feita pela TV Gazeta. A partir daí, o pessoal começou a acessar o site e viu nossas
referências. Inclusive essa moça ontem entrou em contato comigo por email para saber se
eu consertava a câmera analógica que ela tinha ganho.”
Qual é a maior diferença que você vê entre a câmera analógica e a digital, não do modo da mecânica, mas do modo de tirar a foto?
“São duas fotos distintas, no caso. A câmera digital veio para
revolucionar, com relação à
tecnologia, ela deu um grande
avanço a vários tipos de atividades. Então ela é importante nos segmentos da fotografia, na hora você obtém o resultado que você fotografou ou que você precisa para enviar material rápido. Com relação à câmera analógica, com filme, a parte da qualidade e criatividade do fotógrafo é que se manifesta, porquê nas câmeras analógicas, quando você usa o recurso do filme, você tem um retrato fiel do que se está fotografando. A passo que a digital, é uma câmera trabalhada, onde se tem recursos eletrônicos para se adquirir uma foto. As duas são importantes.”
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